sábado, 30 de janeiro de 2010


Andava pela escuridão cambaleante. As poças de sangue iam ficando pelo caminho. Ele tentava sussurrar algo mas as palavras não saiam. Na primeira rua foi seu polegar direito que caiu. Ficou jogado na calçada fétida e logo os urubus vieram comer. Na segunda rua seu polegar esquerdo caiu. Agonizou algo incompreensível e continuou andando. Na terceira rua sentiu uma falta de ar por alguns segundos e pensou que era ali onde cairia duro.
A respiração voltou e continuou andando, quase rastejando pela quarta rua. Na quinta rua chegou perto da maçaneta e segurou com a pouca força que ainda lhe restava. Quando bateu, seu corpo se espatifou duro e sem vida nos ladrilhos da porta. As lembranças de ver o rosto dela saindo para atender a porta foram apagados imediatamente junto com sua vida e sua esperança.
Acontece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário